sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Analogias entre trabalho e corrida

Você dá o melhor de si, nunca falta, chega no horário e sai quando todos os colegas já chegaram em casa. Promoção? Nenhuma, mas a quantidade de trabalho é de fazer inveja ao mais fanático dos workaholics.

Não quero denegrir nosso ganha-pão, afinal, graças a ele pagamos as inscrições nas corridas, mas o certo é que a correria do dia a dia profissional é diferente da do nosso esporte favorito.

Esqueça as salas apertadas, cheias de gente engravatada querendo cada um comer o fígado do outro. Na corrida, as reuniões são a céu aberto e em clima bastante amistoso.

Descontraídas e democráticas, as decisões são compartilhadas por todos os participantes. Nem existe aquele chefe mala pra gente falar mal depois.

Também não há trairagem e o pessoal respeita as limitações de cada um. Mais do que isso, o apoio e a camaradagem estão no pacote de benefícios.

Mas para se dar bem é preciso deixar a zona de conforto para trás. Temos que ralar pra caramba, muitas vezes acordando cedinho ou fazendo hora extra depois do expediente.

A diferença é que todo o esforço é recompensado. A satisfação é garantida e tamanha dedicação ainda faz bem à saúde.

Além disso, somos promovidos por meritocracia. Com muita força de vontade passamos dos 5K para os 10K. Mais alguns meses e já atingimos o nível de meia maratona. Para os mais ambiciosos, a partir dessa distância todos já podem almejar o cargo mais desejado do mundo da corrida: o de maratonista.

Claro que em meio a tanto suor, existe o happy hour após as desgastantes provas. Que tal uma rodada de Gatorade com uma porção de barrinhas de cereais?

Let’s keep running!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O esquenta da corrida

A entrega do kit para a corrida é algo como o treino classificatório da Fórmula 1, que acontece um dia antes da prova. A diferença é que nesse dia você não precisa correr, só comparecer.

Serve para entrar no clima da corrida e receber um monte de coisinhas. Pra quem gosta de colecionar “tranqueiras” é um prato cheio.

Nessa grande concentração pré-prova recebemos os mais variados tipos de amostras-grátis como barrinha de cereal, isotônicos, café solúvel, folhetos de novos produtos, revistas de corrida e, é claro, os personagens principais, que são a camiseta, o número de peito com seus inseparáveis alfinetes e o cada vez mais presente chip descartável.

Mas por trás do kit existe uma estrutura que fica mais bacana a cada dia. Massagens, palestras, testes físicos e de pisada entre outros mimos. É uma experiência bem legal que se transforma em um passeio bastante interessante.

Depois de usufruir tudo isso, minha namorada e eu geralmente damos uma esticadinha em outros pontos da cidade: passear nos parques, almoçar fora, perambular por shoppings, visitar a feirinha da Benedito Calixto etc. É uma excelente oportunidade de desfilar sua sacolinha e se sentir um verdadeiro atleta.

Inevitavelmente, você vai chamar a atenção de algumas pessoas. “Onde estão dando estas sacolinhas?”. É a sua chance de fazer a boa ação do dia e responder: “É pra quem vai participar da corrida amanhã. Vai lá se inscrever”.

Let’s keep running!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

E aí, vai encarar?

Estamos correndo tranquilamente, tudo lindo e plano quando de repente ela surge, imponente. Lá do alto parece rir da nossa insignificância, nos desafiando a superá-la.

Essa é a imagem que as subidas me passavam no começo. Mas se olharmos de pertinho, elas até que são simpáticas e podem proporcionar ótimos treinos.

Particularmente, sempre as via pelo lado ruim, até o dia que resolvi correr a São Silvestre e encarar a bendita Brigadeiro Luis Antônio.

Fui obrigado a acrescentar subidas aos meus treinamentos e os primeiros contatos não foram nada amigáveis. Os cumes dos meus “Everests” de piche pareciam nunca chegar. A sensação era que estava subindo escadas rolantes que desciam.

Com o tempo, fui pegando gosto por esse desafio (todo mundo tem seu lado masoquista) e o bicho-papão tornou-se um bichano. O que era um sacrifício transformou-se em prazer e agora sou um alpinista do asfalto.

E veja como são as coisas, virei um entusiasta de quem antes me botava um medo danado.

Mas a corrida é assim mesmo, vive nos surpreendendo.

Let’s keep running!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Evitando acidentes de percurso

Você compraria uma casa sem saber onde ela fica? Pois eu não me inscrevo em uma prova sem conhecer o percurso.

Salvo as devidas proporções da comparação supracitada, participar de uma competição “no escuro” pode ser uma roubada.

Aprendi a desconfiar das provas que demoram em apresentar o percurso. Você acessa o site, vai direto no link do bendito e surge um gigantesco “Em breve” na sua tela. Claro que devem existir bons motivos para isso, mas não deixa de representar uma armadilha no caminho.

Por exemplo: me inscrevi em uma prova de 10 km e a definição do circuito só aconteceu uma semana antes da largada. O percurso teria apenas 2,5 km e teríamos que dar 4 voltas para completar o total. Frustrante.

Além da repetição do trajeto, não havia tempo nem espaço suficientes para os atletas dispersarem, logo foi uma prova quase inteira congestionada.

Por isso, na hora de escolher sua corrida, atenção para esses detalhes. Porque percurso chato é pior que papo de corretor fajuto.

Let’s keep running!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Um sacrifício saudável


Acordar cedo nunca foi problema para mim. Se for para praticar algum esporte então, levanto até antes do galo.

Durante minha vida futebolística, muita gente achava loucura eu acordar às sete horas da manhã de um domingão para correr atrás de uma bola. Imaginem se descobrirem que antecipei esse horário para as cinco ou seis horas e para correr atrás de nada.

Pois esse é o requisito básico para praticar meu novo esporte favorito: a corrida.

Quando o relógio apita, tento acreditar que é um sonho, mas sua insistência me faz despertar para a realidade. Confesso que é difícil levantar, porém uma vez de pé, botamos a preguiça pra correr.

O sol ainda está se espreguiçando quando termino de amarrar meu tênis. O astro rei chega praticamente junto comigo ao local da prova e seus primeiros raios iluminam um batalhão de madrugadores cheio de animação. É incrível constatar como existe vida acontecendo enquanto ficamos enrolando na cama até a hora da Temperatura Máxima.

Dormir é muito bom, mas acreditem, acordar cedo é melhor ainda. O dia rende tanto que até nos permite tirar um cochilo após o almoço, afinal ninguém é de ferro.

Até hoje já me arrependi várias vezes por não ter levantado para correr, mas nunca por ter ido.

Let’s keep running!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Vamos viver felizes para sempre

Entrada triunfal, cerimônia perfeita e convidados emocionados. Mas para evitar tumulto na porta da igreja, os noivos terão que sair pelos fundos.

Usei esse exemplo para falar da nova chegada da São Silvestre, que foi transferida da Paulista para o Ibirapuera.

Nada contra os fundos da igreja ou o magnífico bairro da zona sul de São Paulo, mas tradição é tradição, não é verdade?

São Silvestre e chegada na Paulista é um casamento perfeito e ponto.

Ainda bem que já fiz o trajeto original e pude sentir a emoção de, após escalar a Brigadeiro Luis Antônio, entrar na principal avenida da cidade e terminar a mais importante prova de rua do País.

Ano passado foi a entrega das medalhas antes da prova, agora a mudança do trajeto. Só falta alterar a data para 2012.

Galera, não estamos descaracterizando qualquer corrida e sim uma “senhora corrida”, que esse ano completa 87 anos. Mais um motivo para ser respeitada.

Por isso, sou a favor do manifesto que li no blog Correria, da Runner’s Brasil, e endossado por inúmeros jornalistas, para tudo voltar a ser como antes.

Chegada na Paulista já! Até que a morte nos separe.

Let’s keep running!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Faça a sua história


Às vezes, ouço pessoas rindo e fazendo rir com suas histórias tristes e decepcionantes. Me pergunto: “Como podem se divertir com essas situações?”.

Com certeza elas não viram graça quando passaram por isso e seus ouvintes nem se atreveriam a esboçar um sorriso caso vivessem algo semelhante.

Mas é legal compartilhar esses momentos com os outros mais tarde. E qual gênero mais propenso ao sucesso do que a catástrofe e a desgraça alheias?

A corrida não é exceção e invariavelmente me flagro prestando atenção e rindo de histórias de contusões, câimbras, ataque de animais entre outras.

Por isso, estou me acostumando a encarar as fases difíceis na corrida como meu repertório de “causos” engraçados. Entre elas a meia maratona que paguei e não corri e a barata que “dormiu” dentro do meu tênis. A última coisa que você imagina acontecer antes da corrida é sentir alguma coisa se debatendo desesperadamente contra o seu pé na hora de calçar o tênis. Quando a tirei de lá e tentei acertá-la, a desgraçada deu um sprint e fugiu. As baratas sempre foram mais espertas do que eu.

Ah, tem também as vezes que o intestino resolve se manifestar no meio do treino. Nesse caso ou você para ou você para porque é impossível se concentrar na corrida e “segurar a bronca” ao mesmo tempo.

Já tá rindo, né? Tranquilo, isso também me diverte hoje.

Mas vale a dica: nunca saia para correr sem fazer o número dois. Senão essa também será mais uma história para você contar.

Let’s keep running!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Já estou há 128 dias sem

É sério, e tô sentindo muita falta.

Desde que me iniciei, nunca tinha ficado tanto tempo sem. Já estou subindo pelas paredes, matando cachorro a grito.

Minha última vez foi dia sete de maio. Confesso que não foi do jeito que eu queria, mas gostei. Aliás, se eu soubesse que depois daquela noite não haveria nenhuma outra, teria aproveitado mais.

Agora, secura total. Para me satisfazer, tenho que apelar para sites e revistas do gênero.

Mas isso não serve pra mim. O que vale é o contato, o olho no olho para entrar no clima, entende?

Cara, juro que não consigo entender como tem gente que consegue passar a vida inteira sem. Uma das maneiras mais simples de sentir prazer que existe e simplesmente dão de ombros. Menos mal aqueles que começam depois de casar. Aposto que eles devem pensar: “Por quê demorei tanto?”.

No meu caso, está difícil suportar. Tô encarando qualquer uma que vier pela frente. Seja aquela que pagamos baratinho ou a que cobra uma pequena fortuna.

O leitor amigo que já passou por isso sabe o que é dormir e acordar pensando nessas coisas.

Galera, preciso desesperadamente participar de uma corrida!

Let’s keep running!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Uma corrida cívica

No jantar da última terça-feira, véspera do feriado, minha namorada me fez uma proposta obscena.  “Vamos correr na ciclovia da Radial Leste amanhã cedo?”. Foi tentador, mas fiquei na dúvida: “Será?”.

Como sou feliz por ter ao meu lado pessoas esclarecidas. Aceitei o convite e foi sensacional, mesmo terminando o treino me arrastando e com a freqüência cardíaca nas alturas.

Pra quem não conhece, essa ciclovia foi construída entre a Radial Leste e a linha do metrô, começando na estação Corinthians/Itaquera e terminando na do Tatuapé.

Nosso percurso foi um pouco menor, de Arthur Alvin até o Carrão. Vinte quilômetros, ida e volta, de um percurso novo e desafiador.

Foi muito legal fazer o caminho do metrô sem ouvir “Paramos para aguardar a movimentação do trem à frente”. Fomos direto e agora tenho uma coisa boa pra ficar pensando durante o para e anda do trem durante esse trecho.

Quando chegamos em casa, tomei um banho e “próxima estação: minha cama”. Senão não conseguiria acordar pra trabalhar hoje.

Ah, claro, fica o registro de que a minha namorada me deixou comendo poeira, ou melhor, fumaça, já que estávamos ao lado da Radial. Ela disparou e terminou o treino quase um minuto na frente.

De qualquer forma, encontramos uma boa maneira de aproveitar um feriado na quarta-feira. Adivinha o que vamos fazer no dia 12 de outubro?

Let’s keep running!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O lado triste da corrida

Sempre tive dois orgulhos na minha vida esportiva: jamais ter assistido a um zero a zero no estádio e nunca ter desistido de uma corrida por lesão.

O primeiro continua invicto, já o segundo...

Sempre que lia sobre atletas que abriram mão de uma prova por motivos clínicos, pensava “Tanto tempo de treinamento pra acabar assim? Que injustiça!”. Infelizmente as contusões não respeitam seu esforço.

Mesmo assim, como tudo de ruim que existe na vida, achava que nunca passaria por isso. Mas aconteceu, e foi justo na corrida que seria a minha estreia na meia maratona. Queria tanto correr a Golden Four da Asics que garanti minha presença no dia que abriram as inscrições.

Estava tudo perfeito. Fazia longões de 20 km tranquilamente e sentia que nada podia me deter. Porém, depois de um treino de subida no Parque do Carmo o que eu senti de verdade foi uma dor no joelho direito.

Diagnóstico médico: inflamação e um mês de repouso. Eu teria menos de três semanas para recuperar a forma que levei meio ano para adquirir.

Fiquei arrasado, mas me conformei. Por mais que a gente treine direitinho, sempre há o risco de encontrar uma lesão pelo caminho.

Aprendi da pior maneira possível que a decepção é uma das dores mais agudas na corrida.

Let’s keep running!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A democracia no mundo da corrida

Optar por uma prova é semelhante ao voto nas eleições. Inúmeros candidatos, geralmente as mesmas promessas e boca de urna nas competições para seduzir os eleitores.

A diferença entre corrida e política é que na primeira nossas escolhas sempre nos fazem bem.

São Paulo tem praticamente uma prova por final de semana ao longo do ano. Prato cheio para as empresas organizadoras conquistarem novos partidários.

Cada uma procura se destacar com uma proposta diferenciada. Para satisfazer os atletas que buscam performance, largada às 7 da manhã é o principal cabo eleitoral.

Se a ideia é agradar ao povão, o lema é investir na cesta básica da corrida: kit enxuto e inscrição barata.

Mas a burguesia também tem seus representantes. Para os corredores que gostam de correr e aparecer, kit cheio de mimos, número limitado de participantes e valor das inscrições com três dígitos.

Os militantes de extrema direita, como as feministas, têm uma prova só para eles e as minorias também estão bem representadas com a etapa Shalom entre outras.

Importante mesmo é que ao eleger suas provas, todos os brasileiros podem contar com o Programa Minha Corrida, Minha Vida.

Let’s keep running!