segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Os quilômetros da semana

Na minha semana de trabalho, considero dois momentos decisivos: a primeira vez que vou ao banheiro, assim que chego na segunda-feira, e a última, na sexta-feira.
Nem preciso dizer a diferença de humor nos dois casos, né?
Pois na corrida meu estado de espírito é bastante similar. Por exemplo, em uma  corrida de 10K, o primeiro quilômetro equivale ao primeiro e mais “bodeado” dia da semana. “Como eu queria ter continuado na cama” é o pensamento universal.
No quilômetro 3, vamos entrando no ritmo, quase como em uma terça-feira. Parece que o pior já passou, mas temos muito trabalho pela frente. É o momento que as horas e a distância demoram a passar.
A nossa quarta-feira da corrida é o 5º quilômetro. Chegamos na metade e a nossa mente já começa a pensar no final de semana ou da corrida. Já vemos uma luz no fim do túnel. A esperança e a endorfina nos dão o empurrõzinho para seguirmos em frente.
Oitavo quilômetro = quinta-feira. Não acabou ainda, mas estamos quase lá. Hora de dar uma acelerada, tirar o excesso de trabalho da frente e entrar cheio de empolgação no momento mais esperado da semana e da corrida.
Sexta-feira é o nosso último quilômetro. Tudo parece mais bonito. Até trabalhamos com mais prazer, e o cansaço da corrida nem nos abala. O relógio e o cronômetro são consultados frequentemente para saber quanto falta para acabar.
Uma sensação de liberdade e alegria toma conta da gente. Todos felizes contando os planos para o final de semana ou correndo rumo ao pórtico de chegada. Pronto, acabou. É só apertar o botão do computador e o do frequencímetro e curtir pra valer o nosso merecido prêmio: o sábado e o domingo, ou a medalha.
Ah, claro, não posso me esquecer da última passadinha no banheiro. Que venha a próxima segunda-feira.
Let`s keep running!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Corrida X Tecnologia


Logo no início, quando as redes sociais passaram de um resfriadinho para uma febre mundial, um camarada disse que eu era a pessoa que tinha menos amigos no Orkut. Dez, para ser mais exato.
Nunca me liguei muito nessas coisas, até perceber que elas eram importantes tanto profissionalmente quanto em tudo o mais. Hoje em dia as redes sociais contribuem até para derrubar regimes políticos.
Com a corrida foi mais ou menos assim. Minha ligação com o esporte se limitava ao futebol de fim de semana e ao sonho de um dia aprender a jogar tênis.
Então descobri a importância de correr. Assim como Orkut, Facebook e similares, ela socializa, ajuda a fazer novos amigos e a encontrar outros em meio a retirada de kits ou na fila do guarda-volume.
A diferença, claro, é que em uma dessas atividades você fica sentado exercitando os olhos e os dedos no teclado. Na outra, nem preciso falar.
Não sou contra a tecnologia, longe disso. Inclusive meu sonho de consumo atual é um frequencímetro com GPS. Só escrevi isso porque ouvi gente profetizando um futuro com ruas desertas, só com aquele tufo de feno passando, e todo mundo enfurnado em casa vendo o mundo pelo monitor.
Coitados.
Eles não sabem que isso nunca vai acontecer. Sempre haverá um corredor para deixar um rastro de vida pelo caminho.
Let`s keep running!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Papo firmeza

“Tá quente hoje”, “Acho que vai chover”, “Até que enfim o sol deu as caras”.
Seja no elevador, na fila do banco ou no cabelereiro, falar sobre o tempo desde sempre foi uma boa estratégia para puxar papo com alguém. Muitas vezes a conversa não engata e dura menos do que uma chuva de verão, mas vale a tentativa.
Ultimamente tenho percebido que o tema “corrida” também tem essa função social. Quando o assunto meteorológico esfriar, na primeira oportunidade apresente-se como corredor(a), pois as chances de segurar a atenção da outra pessoa são enormes.
Acho que isso acontece porque a corrida tornou-se sinônimo de qualidade de vida e, por ser um esporte simples e democrático, é o primeiro da lista de quem hoje é sedentário e amanhã quer ter orgulho de ser um atleta.
Vocês vão poder falar sobre provas, distâncias, treinos, planos de correr maratona, nutrição, viagens e por aí vai. Já ouvi histórias de pessoas que começaram falando de corridas, passaram a treinar juntas e terminaram no altar.
Por isso, se você é tão bom nas passadas quanto na lábia, tá aí uma ótima alternativa para praticar seus dotes.
Aí, meu amigo, haja assunto. Porque assim como o inverno no Pólo Norte, o papo vai longe.
Let`s keep running!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Na corrida é diferente

No trabalho, a proatividade dita as ordens. Na vida social, a pressão por status, consumo e ostentação é o que nos faz ser bem-aceitos. No convívio familiar, temos que agradar mãe e sogra sem desapontar o cônjuge. Tudo ao mesmo tempo.

É difícil ter uma rotina sadia com tanta cobrança pela perfeição. A gente tenta, mas nem sempre se pode ser Deus.

Ainda bem que o maravilhoso mundo da corrida nos oferece uma válvula de escape. Nele, não ser o primeiro não significa uma derrota e o brilho pela superação é tão intenso quanto ao da medalha de quem está no topo do pódio.

Seja com o fone no ouvido ou no ritmo da batida do coração, por alguns momentos você está imune a tudo. Esse é o seu momento, a hora de priorizar o que sempre deveria ser priorizado: o seu bem-estar.

Ao apertar esse botão de reset, sua mente esvazia e abre espaço para armazenar coisas boas e interessantes. Confesso que às vezes meus pensamentos se voltam um pouco para o trabalho, mas nesse caso até isso se torna benéfico.

Eu, como redator publicitário, já criei alguns textos e títulos bacanas enquanto batia perna por aí. Tenho certeza que não teria esses insights se estivesse no trânsito ou na firma.

Infelizmente, o esporte ainda não consegue evitar o famoso “tudo o que é bom, dura pouco”. Então, vamos aproveitar ao máximo cada passada!

Let’s keep running!

Ausência

Foi como se tivesse sofrido uma contusão que me tirasse da ativa por algum tempo. Mas estou voltando.

O trabalho e a correria de quem decide se casar e ter casa me afastaram do blog. Já estava me sentindo mal e com saudades de compartilhar meus posts.

Essa semana mesmo espero retornar com o mesmo pique de antes.

Let`s keep running!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A hora de mudar


Mudanças sempre são bem-vindas. Além de renovarem nossos objetivos, elas nos dão perspectivas para um futuro melhor.

Não sou um eterno insatisfeito, mas não costumo correr de boas oportunidades.

Hoje estou iniciando uma nova fase na minha vida profissional. Novas metas, novos desafios. Isso me faz lembrar alguns momentos da corrida, quando precisamos buscar motivação extra.

Uma vez ouvi dizer que “quando demoramos muito para vestir as meias antes de ir trabalhar é porque chegou o momento de mudar de emprego”. Isso também vale para a corrida.

Chega uma hora que tudo parece ser repetitivo e desgastante. Passamos pelas mesmas árvores, desviamos dos mesmos buracos, cruzamos com as mesmas pessoas.

É então a hora de aumentar a distância ou correr em novos percursos para dar aquela injeção de ânimo. E como funciona. Parece que ficamos mais leves, pois a paisagem diferente dá um gás para irmos mais longe e terminarmos o treino muito mais disposto.

Aprendi que o segredo disso tudo não é constatar que um dia ficaremos com o saco cheio de tudo, mas saber que podemos melhorar sempre.

Let’s keep running!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Corre atrás que você alcança

Foi amor ao primeiro saque. Quando ainda era criancinha comecei a assistir tênis na extinta Rede Manchete. Não entendia nada e os termos em inglês não facilitava muito minha vida. Também não tinha com quem tirar dúvidas, pois na minha família este esporte estava longe de ser uma “paixão nacional”.

Mas não desisti. Procurei livros (na época internet era uma coisa tão distante quanto uma ultramaratona) e continuei assistindo às partidas até entender. Na corrida fiz quase a mesma coisa.

Depois que perdi o contato diário com minha amiga Rosa, fiquei um pouco sem referência sobre dicas de treinamento, fisiologia, nutrição e provas. Corri atrás (agora sim com o apoio da web) e descobri centenas de planilhas de treinos e informações valiosas.

Já li tanto a respeito que até faço pré-diagnósticos de lesões: “Hummm... parece condromalácia patelar”; “Ah, deve ser síndrome da banda ilio tibial”.

Claro que o mais sensato é procurar uma assessoria ou um profissional habilitado, mas acho que é possível começar a correr seguindo fontes confiáveis, como a revista Runner’s e os sites Webrun e O2, entre outros.

É incrível como seres humanos, iguais a você e eu, conseguem excelentes resultados quando se propõem a fazer algo com vontade.

Eu fiz isso e hoje tenho o maior orgulho em correr 21 km e assistir a uma partida de tênis.

Let’s keep running!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Nunca economize nos sonhos

Em 2012, vou me casar. 2013 será o ano de conhecer a Europa e, em 2014, além de acompanhar a Copa do Mundo no Brasil, quero assistir algumas partidas do US Open ao vivo em Nova Iorque.

Ah, como é bom fazer planos. Eles nos dão motivação para acordar todos os dias e perseguir sua realização. Só que enquanto para as viagens economizamos grana, na corrida acumulamos quilometragem.

Descobri que planejar a participação em uma meia maratona pode ser um investimento tão arriscado como em ações na bolsa: uma desvalorização do treinamento e suas aspirações devem ser adiadas.

Já me inscrevi em uma prova de 21K, mas às vésperas da corrida arrisquei mais do que devia e me lesionei. Aos poucos estou readquirindo a forma e decidi, junto com a minha namorada, unir dois momentos marcantes em uma única aplicação: estrear na meia maratona durante a nossa lua de mel.

Estamos estudando as opções do mercado para decidir onde depositar nosso desejo. Mas essa comodity tem de apresentar diferenciais, como ser turística e romântica. Nesse caso, Buenos Aires e Santiago estão bem cotadas.

Enfim, acho que agora vai dar certo. Afinal, investir junto com alguém rende muito mais.

Let’s keep running!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Santa São Silvestre

Diga a alguém que você pratica corrida de rua e a primeira pergunta que ouvirá será “Já correu a São Silvestre?” Se disser “Ainda não”, com certeza perderá credibilidade. E não adianta complementar “Mas já corri maratonas em Nova Iorque e Berlim”.

A prova de rua mais tradicional e querida do País é um mito tanto para corredores quanto para não corredores.

E apesar de muita gente estar “se esforçando” para desfigurar a corrida, ela ainda continua sendo minha última atividade oficial do ano.

Essa semana pretendo me inscrever. Será a minha segunda participação e toda a vez que passo por algum ponto do percurso entro no clima.

Ontem desci a Brigadeiro Luis Antônio e a cada um dos inúmeros semáforos vermelhos que parava, ficava me imaginando no sentido inverso, suando. “Se houvesse essas paradas no dia da corrida, poderia recuperar o fôlego”, pensei.

Ao passar pelo minhocão, não tem como não rir do lugar mais legal da corrida na minha opinião. A galera nas janelas dos prédios e ao longo do elevado, já no clima do réveillon, se transforma no nosso GPS - “Falta pouco, vamos lá!” - e nos atualiza com informações em tempo real, sejam elas otimistas - “Deu Brasil. O Marílson ganhou” – ou para tirar uma da sua cara – “Pode parar de correr, o queniano já chegou”.

Mas pra mim, o melhor da São Silvestre é ela acontecer em 31 de dezembro. Afinal, depois de 365 dias trabalhando, estudando e pagando impostos, a gente merece uma medalha.

Let’s keep running!