quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Não deixe para amanhã a prova que você pode correr hoje


Seis meses. Esse foi o tempo entre o meu torturante primeiro treino e a estreia em provas. Adiei o máximo que pude a minha primeira vez.

Achava que iria encontrar um clima hostil, de extrema competitividade. Fora outras neuras como “Será que vou conseguir terminar?”; “Vou ser o último?”; “Onde vou estacionar o carro?”.

Igual ao jovem que é pressionado a decidir o que estudar na faculdade, me senti obrigado a escolher uma corrida.

A Rosa, sempre ela, me indicava as melhores provas e resolvi me inscrever na Alphaville Running, que aconteceria em outubro de 2009. Finalmente enfrentaria meus fantasmas corredores.

Como um prêmio pela minha coragem, a Rosa me deu a dica final que faria toda a diferença na minha decisão: “Seria legal você acompanhar uma corrida antes”.

Em setembro houve uma edição da mesma prova e a Fátima foi comigo assistir. Ficamos aguardando os vencedores ao lado de moças com cães na coleira, crianças no colo das mães e adolescentes segurando máquinas fotográficas.

De repente surgem uns magrelos a la quenianos cruzando nas primeiras colocações. Para mim tudo normal, nada demais. Nem um piu da torcida. “É só isso?”, pensei.

Mas o melhor estava por vir. O momento em que a corrida me cativou foi quando os reles mortais, como você e eu, começaram a chegar. Foi aí que os espectadores se manifestaram, gritando o nome dos seus ídolos. Gordinhos, esbeltos, mulheres, idosos, pais, filhos e amigos misturados na massa que se aproximava.

Treinadores com uniformes personalizados surgiam no meio da pista incentivando seus pupilos com a mesma intensidade que davam força aos que não faziam parte da equipe.

Minha namorada e eu ficamos hipnotizados. Cada pessoa que cruzava o pórtico parecia ser a primeira a chegar, tal era a festa e emoção. Todos a cumprimentavam.

Então vi o adolescente fotografando a mãe que exibia orgulhosa a sua medalha. Pensei qual teria sido sua preparação para desfrutar desse momento. A criancinha pedia colo ao pai, que muitas vezes deixou de assistir Backyardigans ao seu lado para ir treinar. E tinha o garotão suado que ao invés do beijo da princesa, recebeu aquela lambida do cachorro da namorada. Confraternização total.

Depois de quase meio ano enrolando, desejei que a minha corrida fosse no dia seguinte.

Let’s keep running!

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